BOQUEIRÃO: SUA HISTÓRIA
Boqueirão é uma cidade do interior paraibano, distante da capital,
João Pessoa, 161 Km, com uma altitude de 378 metros acima do nível do mar. Foi
fundada por volta de 1670, por Antonio de Oliveira Lêdo, admitido por muitos,
como irmão de Pascásio de Oliveira Lêdo e Custódio de Oliveira Lêdo,
bandeirantes, emigrantes da Bahia. Arraial de fundação da cidade, pouco tempo
depois serviu como ponto referencial para aqueles que procuravam passagens para
explorar os sertões da Paraíba.
Boqueirão teve origem de um grande corte que o rio Paraíba fez na
serra de Cornoió. Desde estes tempos, tornou-se célebre a famosa missa de Natal
nesta cidade, pelo fato de arrastar centenas de pessoas para essa liturgia.
Conta-se que nesta época, uma média de 300 Km eram percorridos por gentes
vindas do Piranhas e Piancó Era a fé cristã batendo os corações nordestinos na
busca de conforto para a vida e encontro com Deus, sem esquecer também que o
espírito festivo impera naqueles que demandam diversão.
A independência da cidade, no seu aspecto administrativo, ocorreu em
1959, pela Lei n. 2.078 de 30 de abril, desmembrando-se da vizinha cidade de
Cabaceiras e ficando formada por 5 distritos, quais sejam: Sede, Alcantil,
Bodocongó, Caturité e Riacho Santo Antonio. A cidade de Cabaceiras serviu
apenas como limite para o município de Boqueirão, que estava adquirindo sua
emancipação administrativa, consequentemente, uma vida própria para alocar ao
seu bel prazer seus recursos.
Na classificação das micro-regiões, esta cidade encontra-se na micro-região
dos cariris velhos, limitando-se por Cabaceiras a 22 Km, Barra de São Miguel a
26 Km, Taquaretinga do Norte a 35 Km, já em Pernambuco, Umbuzeiros a 38 Km,
Campina Grande a 38 Km e Aroeiras a 64 Km. O seu comércio é normalmente feito
em Campina Grande, entretanto, a maioria de seus produtos, que são exportados,
vão para essa cidade, devido a sua demanda precisar destes produtos, que
atendem muito bem àqueles que necessitam.
Boqueirão cobre uma área de 1.257 Km2, numa colocação de 3º maior
Município do Estado, em extensão territorial na Paraíba. Em termos de clima,
verifica-se o quente e seco, com máxima de 37º e mínima de 16º. O mês de março
é o começo do inverno, que termina em julho de cada ano. Isto impulsionando uma
economia de subsistência, no cultivo de uma agricultura rasteira e até uma
atividade de pesca, que é a salvação daqueles que não tem condições de
sobrevivência em outros lugares.
Em se falando de seu aspecto geográfico, salienta-se o açude Epitácio
Pessoa, com capacidade de 543 milhões de metros cúbicos de água, abastecendo a
cidade de Campina Grande, Queimadas e a Séde. Destacam-se também, os açudes de
Santo Antonio e Bodocongó. Quanto a riachos, existem o Santo Antonio da Cruz, o
Relva, o Irapuã, a Ramada e o Bom Jesus. Em termos de acidentes geográficos, as
serras de Caturité com 900 metros de altitude, a Cornoió com 800 metros, Bonita
e Inácio Pereira, pertencentes ao conjunto da serra da Borborema.
Quanto a recursos naturais, ainda que em pouca escala, existem a
vegetação e a mineração. Como se pode notar, a vegetação está montada em pouca
madeira de lei e, na mineração, a pedra calcária. Cabe assinalar que, no reino
animal, o mais conhecido é o tatu. A população, em sua maioria, vive da
agricultura, da pesca e pobre comércio varejista. No campo são produzidos
tomates, milhos, algodão e sisal, além da principal fonte de renda, oriunda da
pecuária. Na indústria existem no município 5 fábricas de laticínios e 20 de
redes artesanais, todas pequenas, com poucos empregados e com alto risco de
falência.
No aspecto demográfico, constata-se que, em 1960, a população do
município era de 19.600 habitantes, com uma densidade demográfica de 15,99
hab/Km2. Para o ano de 1970 a densidade demográfica era de 20.92 hab/Km2. Do
total da população 12.903 eram do sexo masculino e 13.404 do sexo feminino.
Entretanto, na zona rural, viviam em 1970, 21.721 habitantes. Já em 1980 a
população municipal era de 30.624 habitantes, sendo 14.874 do sexo masculino e
15.874 do sexo feminino. A densidade demográfica era de 24,36 hab/km2. No total
da população houve um crescimento apreciável no seu contingente, em todo o
território municipal.
Em termos de educação, o município está bem servido, com colégios de
1o e 2o graus, dirigindo seus alunos para uma carreira profissional
consistente. São mais de 13 escolas do Estado e do Município, uma garantia de
mais de 125 educandários. A cidade é bem assistida pelo MOBRAL, escola de
datilografia e biblioteca pública municipal, com boa assistência aos estudantes
da cidade e que tem interesse na cultura e conhecimentos para aqueles que
querem progredir profissionalmente e intelectualmente.
No folclore da cidade, destacam-se as famigeradas vaquejadas com
presença marcante de toda a vizinhança e até mesmo de pessoas vindas de outros
Estados do Nordeste e do país. As danças folclóricas e as cantorias de
violeiros também marcam frequência nas festas tradicionais do município. No
açude Epitácio Pessoa muita gente transita com os passeios de barco, pescarias
e outras atividades turísticas oferecidas. Não faltando a cerveja no hotel
turístico, ao lado do açude e o famoso banho de bica criado à margem do mesmo.
Boqueirão ganhou o açude Epitácio Pessoa que trouxe muitos benefícios
ao município, tanto em número de
empregos na atividade da pesca, quanto no cultivo de cultura de
subsistência. Isto mostra a importância
da atuação do DNOCS na tentativa de atenuar os problemas da seca no interior e,
em especial, nos cariris da Paraíba, com a criação e/ou perfuração de poços e a
construção do açude como bons reservatórios d’água para irrigação, saneamento e
alimentação dessa gente sofrida dos sertões nordestinos.
Inegavelmente, Boqueirão exerce uma importância fundamental na
economia do Estado da Paraíba, tendo em vista que o açude Epitácio Pessoa
acumula uma quantidade de água que beneficia uma vasta produção de produtos
básicos como o tomate, o milho, o feijão, etc,. Além do mais, o reservatório de
água de Boqueirão exerce função especial na economia da circunvizinhança, como
é o caso de Campina Grande, onde a economia campinense utiliza as águas do
Epitácio Pessoa para suprir a atividade econômica industrial e, até mesmo,
agrícola para se desenvolver.
Do mesmo modo como Campina Grande exerce uma função centralizadora no
compartimento da Borborema, em termos de sua economia, do mesmo modo é
Boqueirão, exercendo, até certo ponto, a divisão intermunicipal do trabalho,
produzindo produtos específicos da região. A cidade tem sua importância
fundamental no campo do lazer, aonde as cidades circunvizinhas acorrem
constantemente para as festas que são promovidas nesta paróquia, quase todos os
meses do ano. Assim foi Boqueirão de ontem e é Boqueirão de hoje.
Boqueirão tem importância hoje, quando relaciona a cidade com Campina
Grande, em cujas fábricas só funcionam com a ajuda do açude de Boqueirão, o
Epitácio Pessoa. Uma precipitação deste açude causará uma catástrofe
incontrolável em Campina Grande, devido as suas indústrias em pleno
funcionamento e também o próprio uso doméstico que será prejudicado. Nisto se
vão os empregos que são oferecidos e a produção que é gerada.
Sem o Epitácio Pessoa, a economia social da Paraíba entra na
"banca rota", considerando que Campina Grande é o principal motor da
economia do Estado, devido à congregar quase toda população interiorana que
acorre em busca de emprego e de aplicação de seu capital. É neste sentido que
se vê Boqueirão, como uma cidade de grande relevância para a vizinhança e, em
especial, para Campina Grande, pelos motivos já citados de maneira geral. Uma
coisa é importante nisto tudo, é que os governos Federal e Estadual deveriam
participar mais deste município, para que houvesse maior dinamização de sua
economia e, por tabela, estariam beneficiando também a região.
Muitos filhos ilustres de Boqueirão têm demonstrado a sua participação
no desenvolvimento do Estado da Paraíba, ao se levar em conta que os seus
colégios têm educado seus filhos, conduzindo-os à universidade e a ambientes
maiores da cultura nacional. Todavia, não se deve esquecer que esses homens e
mulheres gerados neste torrão não têm deixado de lado sua terra-mãe, pelo
contrário, tem retornado com os benefícios de que ela necessita. Coloca-se este
fato, não pelo lado de que eles venham trabalhar nesta cidade, mas no sentido
de que eles estão sempre prontos a servi-la em tudo de que ela necessita e isto é muito importante para uma
cidade pobre que tem dado exemplo de educação e dedicação aos seus filhos.
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